Este artigo realiza uma análise descritiva sobre a participação dos BRIICS (Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul) no comércio internacional de bens, serviços e capitais, sob a perspectiva das cadeias globais de valor (CGV) através dos novíssimos dados de comércio em valor adicionado da OCDE/ OMC e de investimento internacional da UNCTAD. O Brasil é o país do grupo dos BRIICS menos integrado nas CGV. Brasil, Rússia e África do Sul não aprofundaram a intensidade tecnológica de suas exportações de 1995 a 2009, ao contrário, as atividades que tiveram crescimento de participação foram de recursos naturais. Já China, Índia e Indonésia realizaram uma transição do seu perfil exportador para atividades com maior intensidade tecnológica, como equipamentos óticos no caso da China e da Indonésia, e de serviços de negócios, no caso da Índia. Quando se analisa a origem do valor adicionado importado nas exportações dos BRIICS, contata-se uma heterogeneidade não somente em termos de países parceiros, mas também entre setores. Contudo a presença dos EUA é unânime nas duas dimensões, mais fortemente nas exportações brasileiras. Por seu turno, os EUA se revelaram também o parceiro comercial no qual a contribuição dos BRIICS sobre a demanda final do resto do mundo é mais significativa, seguido de Alemanha, Japão e recentemente China. Esses resultados levam a crer que os ganhos do comércio aos moldes da CGV continuam se concentrando nas principais potências, associados a estágios de serviços nas pontas da cadeia – como P&D e design, ou transporte, marketing e atendimento pós-vendas.