Na retórica e na prática, os primeiros movimentos do novo governo Dilma apontam para austeridade na condução da política macroeconômica. Reformas liberais, ajuste fiscal e aperto monetário aparecem no discurso dominante como panaceia e trazem de volta o fantasma do neoliberalismo que assombrou o país na década de 1990.
Essa virada neoliberal ameaça frontalmente as conquistas sociais recentes e o aprofundamento do processo de distribuição de renda e de ampliação dos direitos sociais. Enquanto o mercado comemora, o peso da austeridade recai sobre os salários, o emprego, os benefícios sociais e os serviços públicos.
Diante disso, a Plataforma Política Social, em parceria com o Brasil Debate e a Rede Desenvolvimentista, traz ao leitor a Série Especial “Austeridade Econômica e Retrocesso Social”.
Lançada em quatro números, a série disponibiliza ao leitor um conjunto de artigos de especialistas no estudo da macroeconomia com análises sobre as primeiras medidas do governo Dilma, o contexto internacional, o abandono das políticas neoliberais mundo afora, as consequências sociais da austeridade e o tripé macroeconômico e sua inadequação.
Nesse primeiro número, intitulado A Virada Neoliberal do Governo Dilma, apresentam-se análises sobre o sentido da mudança de postura macroeconômica e suas consequências. O artigo de Pedro Paulo Bastos compara esse momento histórico ao início do governo Lula, mas alerta para a diferença de cenários econômicos nesses dois momentos, que torna muito mais problemática a atual aproximação com o mercado financeiro.
Já Pedro Rossi e André Biancarelli argumentam que a gestão macroeconômica do primeiro governo Dilma nunca seguiu uma orientação “social-desenvolvimentista”, ao contrário, foi marcada por equívocos na política fiscal e pelo favorecimento dos setores industriais. O “industrialismo” do primeiro mandato, que atrapalhou o projeto de desenvolvimento social, foi substituído pelo “financismo”, que tem potencial para liquidá-lo.
Por fim, o artigo de Vanessa Petrelli traz uma análise retrospectiva do modelo macroeconômico que levou ao forte crescimento da economia brasileira entre 2004 e 2011, e a posterior desaceleração, destacando que a “solução” de ajuste fiscal parte de uma interpretação equivocada de nossa história econômica recente.
Boa leitura!
Andre Biancarelli (Rede D)
Pedro Rossi (Brasil Debate)
Eduardo Fagnani (Plataforma Política Social).