José Celso Cardoso Jr.
Apresentação
Este texto é um desabafo contra o golpe de 2016 ocorrido no Brasil. Ele se inspira em mais de 550 textos assinados por milhares de cidadãos e cidadãs, brasileiros e brasileiras, estrangeiros e estrangeiras, que expressaram – entre fins de 2015 e meados de 2016 – toda a sua indignação frente à ruptura da ordem democrática em curso no país.
Neste sentido, foi concebido como mais uma forma de denúncia, resistência e contestação diante do golpe, produzido em reconhecimento e agradecimento aos que tiveram a coragem cívica e o discernimento político para levarem a público tais manifestos pela democracia no Brasil.
Aos leitores e pesquisadores interessados em conhecer na íntegra o teor de tais documentos, a Fundação Perseu Abramo produziu um livro com uma seleção de cerca de 200 textos escolhidos de forma a representar o universo dos mesmos, organizando-os, apenas para facilitar a leitura, em seis capítulos, a saber: 1. Cidadania ativa, movimento cultural, artístico, intelectual e demais coletivos; 2. Movimentos sociais e entidades religiosas; 3. Organizações sindicais, associações, conselhos, conferências e classe política; 4. Mundo acadêmico e meio Jurídico; 5. Servidores públicos; e 6. Manifestações estrangeiras.
Trata-se, portanto, de um importante registro histórico sobre um dos momentos mais trágicos da história política brasileira desde a Proclamação da República em 1989, particularmente desde o lento, gradual e (in)seguro processo de redemocratização que esteve em curso entre 1985 e 2015 no país. Apesar das nefastas implicações (ao menos de curto e médio prazos) para a vida brasileira, o momento situacional atual pode significar, por um prisma otimista, ainda que improvável, o ressurgimento de alguma consciência crítica e ações coletivas em prol do fortalecimento do Estado, da Sociedade, das Instituições republicanas e democráticas do país, em suma, a favor de um projeto de desenvolvimento verdadeiramente nacional, de orientação soberana, includente, sustentável. Algo que só o porvir histórico poderá comprovar ou refutar. As portas ainda não se fecharam completamente. O futuro está nas ruas, nas famílias e organizações, para ser reaberto e disputado.