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V.1, N.1, Novembro de 2013
Eduardo Fagnani *
A melhor articulação entre as estratégias econômica e social engendrada nos últimos anos teve impactos positivos sobre as condições de vida dos brasileiros. Não obstante, a sociedade ainda é marcada por profundas desigualdades na distribuição da renda, no mercado de trabalho, no acesso aos bens e serviços sociais públicos e universais e na posse da propriedade rural e urbana. São traços do subdesenvolvimento que precisam ser superados se queremos um país mais justo e civilizado.
Dadas as suas múltiplas interfaces, o enfrentamento dessas questões deve ser pensado na perspectiva de um projeto nacional de desenvolvimento. Nos últimos anos o debate sobre o tema voltou a ser objeto da reflexão de círculos de economistas.
A chamada corrente “social-desenvolvimentista” procura articular a estratégia macroeconômica com inclusão social e distribuição da renda.
Essas pistas são promissoras, mas ainda não dão conta da dimensão social do desenvolvimento em suas múltiplas vertentes. O enfrentamento desse desafio metodológico requer maior articulação da reflexão acadêmica entre economistas e especialistas em políticas sociais.
Com o objetivo de fomentar esse debate, em maio de 2013 o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), o Instituto de Economia da Unicamp, a rede Plataforma Política Social e a Rede Desenvolvimentista organizaram o Seminário “Desafios e Oportunidades do Desenvolvimento Brasileiro”, integrado por dois módulos (aspectos econômicos e aspectos sociais). O evento sobre a dimensão social contou com a colaboração de 51 especialistas reunidos em torno de diversas temáticas.
Após a sua realização foi solicitado aos membros da rede Plataforma Política Social que escrevessem artigos voltados para avançar na perspectiva apontada pelo seminário. Esses esforços, que resultaram em dezenas de contribuições, motivaram a criação da Revista Política Social.
Esta edição inaugural reúne dois artigos sobre a questão urbana. O primeiro, escrito por Ermínia Maricato, sustenta que sem reforma urbana (leia-se reforma fundiária e imobiliária) não haverá desenvolvimento e sim “crescimento periférico predatório”, com reprodução da forte desigualdade social e grave deterioração ambiental. Para a autora, distribuição de renda é importante, mas insuficiente: “também é preciso distribuição de cidade”, ou seja, ampliar o direito à cidade. O que está em questão é a apropriação das rendas de localização urbana, afirma Maricato.
O segundo artigo, de autoria de Humberto Miranda, sublinha que “mais que em qualquer outro período da economia nacional, o projeto nacional de desenvolvimento reclama a centralidade da dimensão urbana”. O autor destaca que com a concorrência capitalista no contexto da globalização o controle do espaço pelo capital passou a ocorrer “de fora do território e não se vincula, como no passado, à industrialização, mas ao circuito mercantil das commodities”. Submetida a essa lógica, a expansão das fronteiras agrícolas tem ampliado as heterogeneidades sociais e espaciais e agravado o padrão de urbanização.
Nas próximas edições serão disponibilizadas as demais contribuições temáticas dos especialistas que integram a Plataforma Política Social.
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Boa Leitura!
*- Eduardo Fagnani é professor do Instituto de Economia da UNICAMP, pesquisador do CESIT e coordenador da rede Plataforma Política Social – Agenda para o Desenvolvimento.