Por Flavia Lima | Valor
“Em períodos de depressão, não há ajuste fiscal possível”, afirmou há pouco o ministro das Relações Exteriores, José Serra, em evento no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Voltando a um de seus temas favoritos, os juros básicos da economia, Serra ressaltou que os juros são responsáveis por 90% do déficit nominal, que deve girar ao redor de R$ 600 bilhões. “Para vocês terem uma ideia da implicação fiscal da política monetária”, afirmou. Segundo Serra, é evidente que determinado tipo de política monetária tem implicação fiscal. Serra ressaltou ainda que os swaps, o mecanismo de defender o valor da moeda, têm custo que é pago na conta de juros, que no ano passado foi 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). “Vocês imaginam que custo fiscal tem isso. Poderia comprar leite das criancinhas, salários ou pagar swaps”, afirmou. “Essa é uma preocupação permanente que eu tenho”, disse ele ao ressaltar que os determinantes de alta da dívida nem sempre são claros. “São mais complexos do que parecem”.
O chanceler avaliou ainda que a dívida pública vai piorar muito, antes de melhorar. Com relação à negociação da dívida dos Estados e municípios com a União, afirmou que os “Estados e municípios têm vocação louca para gastar em custeio e reajustar salário”, mas que aposta em uma renegociação. Reconheceu, no entanto, que o projeto de renegociação enviado pelo ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa à Câmara “era bom”. E disse ainda que a situação desafiadora de Estados como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro não ocorre só por causa da dívida. “No Rio, os royalties de petróleo são 20% da receita”, disse.