Eduardo Fagnani *
A maior parte dos países desenvolvidos eliminou o analfabetismo no início do século passado. O Brasil ainda acumula desigualdades e ausências. A escolaridade media da população é baixa em relação aos parâmetros internacionais. O analfabetismo de jovens e adultos permanece elevado. Apesar dos avanços recentes, a universalização da oferta ainda apresenta lacunas no ensino infantil, médio e superior. Estar na escola não garante o aprendizado e a questão da qualidade permanece viva. Como enfrentar o desafio da universalização e da qualidade no ensino?
Para debater esse tema reunimos artigos elaborados por reconhecidos especialistas brasileiros. Sergio Haddad (Educação e desenvolvimento – uma discussão necessária) critica a visão reducionista da educação nos debates sobre o desenvolvimento brasileiro conduzido pelos economistas. A tendência natural das análises é a de tratar a educação como suporte do crescimento econômico, um insumo para a formação de mão de obra, destaca Haddad. Ao contrário, o autor defende a necessidade de afirmar tanto o sentido amplo do desenvolvimento, entendido na sua dimensão humana, social e ambiental, resgatando-o das amarrar restritas do crescimento econômico, como o sentido amplo da educação na sua face de insumo para o exercício da cidadania e valorização do potencial sociocultural da população.
O ponto de partida do artigo elaborado por Nelson Pretto (O que quer nas ruas a geração alt+tab?) são as manifestações populares de junho de 2013. “Essa geração, de qualquer idade, com uma dezena de telas abertas ao mesmo tempo, usando simultaneamente as teclas alt+tab para navegar entre todas as janelas abertas, está, agora e literalmente, navegando pelas ruas das cidades com a mesma intimidade com que navegam pelas telas”, afirma o autor.
Sustenta que a educação demandada pelos jovens “muda radicalmente a perspectiva de escola”. Requer outra arquitetura escolar que supere a visão indutiva e exclusiva da sala de aula, do professor posicionado na frente com a função de ministrar a lição, o tempo todo. Portanto, “é urgente que superemos definitivamente as atuais concepções de educação que formam para a linearidade e não para a complexidade”, sublinha Pretto.
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Boa leitura!
*- Eduardo Fagnani é professor do Instituto de Economia da UNICAMP, pesquisador do CESIT e coordenador da rede Plataforma Política Social – Agenda para o Desenvolvimento.