O livro convida o leitor a um debate amplo e consistente sobre os rumos do federalismo brasileiro, na expectativa de que não só o país seja capaz de inverter a trajetória recente em que a pactuação ficou em segundo plano, mas também de que a cooperação – alicerce fundamental de um federalismo democrático – possa ganhar força.
No seu conjunto, as análises apresentadas conformam subsídio importante para a discussão sobre a reconstituição do Estado brasileiro depois dos anos neoliberais: uma tarefa que ainda requer espaço na agenda estratégica nacional.
De fato, trata-se de um debate para o qual a leitura dessa trajetória recente, seguida pela organização federativa brasileira, com um olhar atento para todos os seus entes, faz-se fundamental. Incluem-se aqui os governos estaduais, que, segundo autores deste volume, ficaram “na antessala da Federação”.
Tal debate não pode ser conduzido sem um olhar atento às grandes desigualdades regionais que seguem dominando e marcando o Brasil dos tempos atuais, mesmo após o esforço despendido para ampliar conquistas sociais, cujos resultados tiveram impactos positivos nas regiões mais pobres do país. Nos próximos anos, contudo, quando se impuser a discussão sobre a competitividade da economia brasileira e sobre a realização de investimentos em infraestrutura econômica via concessões ao setor privado, entre outros temas, será exigida a consideração da herança de padrões muito distintos nas diversas regiões do país. E, neste contexto, deve emergir ainda a discussão sobre o papel a ser desempenhado por cada ente federado.
Este livro traz insumos importantes a esse debate, em uma abordagem que ousa fugir das leituras hegemônicas. Por isto mesmo, uma contribuição instigante e inovadora.
Tania Bacelar de Araujo – Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Conselho de Orientação do Ipea