Nesta edição #15 da Revista Política Social e Desenvolvimento, damos espaço para a importante discussão da gestão macroeconômica, tema central para a garantia da viabilidade fiscal de diversos direitos sociais e para o desenvolvimento econômico país. Os autores que participam desta revista trazem contribuições para enriquecer o debate atual.
Em “Um tripé estático e um país que tenta movimentar-se“, Bruno De Conti discute o problema de como as análises macroeconômicas convencionais sobre o tema tendem a reproduzir um discurso dogmático que caminha na direção oposta do enfrentamento das questões estruturais típicas do capitalismo tardio brasileiro. Mesmo assim, dezesseis anos depois da implantação do tripé macroeconômico – após um breve período de afastamento do seu viés mais ortodoxo –, em 2015, “a pressão da oposição e da mídia para que o tripé retorne é avassaladora”, aponta Conti.
Continuando com este debate, no artigo “Por uma nova gestão macroeconômica: crescimento, contas públicas, câmbio e juros“, Antonio Corrêa de Lacerda destaca como central a questão dos juros e seus impactos na dívida pública. De um lado, o Brasil aparece como o país onde os gastos com o pagamento da dívida pública são os mais altos no mundo. De outro, a utilização da taxa de juros como principal mecanismo de combate à inflação distorce as opções de medidas que deveriam ser tomadas para reduzir esse ônus: enquanto a inflação brasileira segue na média dos demais países em desenvolvimento, apenas aqui os juros são tão elevados. Por fim, Lacerda elenca algumas propostas de reforma para avançar na resolução desse impasse, dentre elas a necessidade de mudar a estrutura da dívida pública brasileira.
Na verdade, os impasses em torno do regime macroeconômico não são característicos apenas do momento atual, mas vêm de longa data. Em “Regimes Macroeconômicos e o Brasil pós-crise“, Guilherme Santos Mello retoma um pouco da história dos regimes macroeconômicos do período após a Segunda Guerra Mundial. Em tempos recentes, enquanto no mundo cresce a insatisfação com o padrão que, desde a década de 1990, vinha angariando apoio de instituições tradicionalmente conservadoras, como o FMI, no Brasil há um movimento inverso de reforço da necessidade de voltar ao mundo dos anos 90, ainda que esse modelo pregresso tenha fracassado em diversas frentes.
Assim, esperamos contribuir para que se veja com mais clareza o que está em jogo no debate macroeconômico atual. Ótima leitura a todos!
Andre Biancarelli
REDE D
Eduardo Fagnani
PLATAFORMA POLÍTICA SOCIAL
Pedro Rossi
BRASIL DEBATE
Thomas Conti
PLATAFORMA POLÍTICA SOCIAL