Politizando é um Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política Social (NEPPOS/CEAM/UnB)
Nesta edição o POLITIZANDO traz à tona uma problemática que, apesar de antiga, não se mostra antiquada. Ao contrário, reveste-se de uma atualidade estarrecedora. Trata-se do retorno revigorado dos estigmas associados à pobreza – uma das mais nefandas ignorâncias na história da humanidade, devido, nos seus primórdios, à falta de conhecimento de suas causas. Sobre esse fato, são conhecidas as indignadas descrições dos pesadelos vividos pelos pobres, feitas por escritores clássicos, como Thomas Morus e Charles Dickens, e de pensadores sociais críticos, como Karl Marx, tais como: enquadramento dos despossuídos de bens e riqueza em leis grotescas e terroristas; trabalho forçado; surras; mutilações; enforcamentos e, no plano moral, aplicação de rótulos infamantes, como os de “vagabundos” e “preguiçosos”. Descobertas, no século XIX, as causas estruturais e históricas da pobreza, decorrentes da exploração do homem pelo homem, e conquistados os direitos de cidadania entre os séculos XVIII e XX, o mundo tinha tudo para se redimir. Mas, isso não aconteceu. Em escala planetária as classes sociais se fortaleceram e os estigmas da pobreza ganharam tons mais fortes. Hoje, sob a égide do capitalismo de extração neoliberal, no qual reina o individualismo exacerbado, a cultura hedonista das aparências e a competição feroz por êxitos pessoais fugazes, a pobreza voltou a ser o “saco de pancadas” de muitos “não pobres”; e estes, desgraçadamente, se comprazem em viver com a sua visão acrítica e sem sentido para manter privilégios. É sobre esta realidade regressiva – contrária à ciência, à democracia, às conquistas civilizatórias e produtora de um sem número de vítimas inocentes – que, tanto o artigo do professor Robert Walker quanto a entrevista da professora Potyara Pereira se debruçam. Constitui também, a referida realidade, tema de interesse da Tese de doutorado, Dissertação de Mestrado e Trabalho de Conclusão de Curso de graduação aqui divulgados, além dos livros e filme especialmente indicados. Em nome do NEPPOS, os Editores do Politizando querem expressar os seus agradecimentos aos colaboradores desta edição, especialmente ao professor Walker que, com presteza e raro espírito acadêmico colaborativo, nos brindou com o resultado de seus profícuos estudos.